Notícias
Notícias, jornais, última da hora…
Importante, interessante, longínquo.
Todos os dias, todinhos… Não falta um
único dia desde há muito tempo que não sei o que se passa nesta nação.
Logo pela manhã, o que vejo e ouço, se
for o vizinho do lado ou talvez o de cima, é um ecrã que conta os últimos
desastres económicos, discussões políticas e acidentes evitáveis.
A meio de todas as manhãs, o meu avô
chega a casa com “O Sol” ou “A Bola”, certo como um relógio.
A mãe e a avó leem as boas novas das
novelas e trilhos amorosos dos famosos que não são nem por metade mais humanos
do que elas.
Mais uma vez, estou eu a tomar banho,
os meus pais discutem. O meu pai distraiu-se com a televisão e a comida, no
fogão, queimou-se.
Oito da manhã. Lá vêm elas. Desastres
sem precedentes perante os nossos olhos, fantasmas verdadeiros que atormentam
as vítimas…
Úteis, memoráveis, diárias, semanais,
variadas, objetivas, inúmeras, é assim desde há séculos.
Mas não… Não conheço nada dessas
coisas. Nunca pego num jornal, vejo televisão ou procuro na internet as
notícias do dia. Nunca vejo outro mundo que não o meu. Nunca vejo aquilo em que
vivo com os mesmos olhos. Tamanho é o desinteresse, degeneração, em algo que, mais
que importante, se chama atualização.
Não faz parte de mim mas que, ainda assim, um dia me chegará…