sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

G._10.º_n.º 2





Palavras

Todas as palavras são essenciais e, se repararmos bem, o dia é composto por palavras.

Muitas fazem-nos sentir bem; deixam entrar borboletas na barriga, revelam um sorriso escondido atrás das cortinas da solidão, do dia que correu mal e dos problemas que sucedem frequentemente.

Umas aparecem entre as folhas pálidas dos meus livros, aglomeradas em frases como as estrelas no céu, contando algo, outras passam pelas cordas vocais do meu amigo, fazem-me rir e apoiam-me quando eu preciso de desabafar… Mais algumas correm rápidas por entre os textos, fingindo  relâmpagos, tentando ultrapassar a velocidade da luz, projetando-se no ecrã do meu telemóvel, inesperadamente, podem iluminar um dia de chuva, transmitir a sensação de afeto e carinho quando aquela pessoa está longe… Dão boas notícias, pedem uma borracha emprestada à minha colega do lado, agradecem, despedem-se e pedem desculpas.
As palavras surgem na minha cabeça involuntariamente, entrelaçam-se descoordenadamente tentando organizar-se como os fios de lã no novelo da minha avó e dão origem aos pensamentos, que me perturbam constantemente por estarem a incomodar-me enquanto estudo… Compõem as músicas que tanto gosto de ouvir…

Mas outras põem-nos a chorar, não de alegria. São as palavras rudes, são verdades que vêm ao de cima, memórias tristes que baixam a nossa autoestima, destroem-nos pelo interior como as ondas que rebentam na arriba e provocam a erosão das rochas.

Esses são vocábulos perigosos. São das armas mais mortíferas que um ser humano pode usar contra outro.

As palavras. Como são poderosas.






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